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Era uma vez um gato. Mas não um comum, esse tinha pedigree, era diferenciado. Era inteligente, tinha bagagem intelectual e fazia jus a seu título: ele era um gato.
Mas, como a onipotência só é conferida ao Criador, o gato tinha lá as suas fraquezas. Ele sabia que ele era um gato de valor no mercado animal, no entanto, o gato buscava o reconhecimento latente de seu valor em bandos, manadas e nuvens, que devido a limitações, jamais poderiam satisfazer o desejo do bichano.
Chegou um dia, que o gato agindo por instinto, confundiu-se e se atraiu pela fragância do cio de uma cadela. Era uma cadela e não uma cahorra.
O gato entorpecido pela sensação alucinógena que o olfato lhe proporcionava a cada passo que dava em direção a cadela, foi surpreendido pela correspondência da mesma, que mais sensata que o gato tratou logo de apresentar-lhe a óbvia impedância:
— A Mamãe Natureza em seus regimentos não permite que nós nos relacionemos, o que fazer?
Logo, a torpeza do gato se esvaiu.
A sagaz cadela tratou rapidamente de exibir outros atributos para convencer o gato a readmitir a vontade explícita da cópula proibida. Ela emitiu um latido suave e doce que convenceu o gato.
Foram para o escurinho e ajustaram-se aqui e acolá, agrupando-se de forma a permitir uma mecânica sexual prazeirosa para ambos. De todos os esforços apenas a cadela satisfez o seu cio, e tratou logo de dispensar o gato.
O gato decepcionado, continua até hoje envolvido na teia grudenta da medida do impossível.