De nada adiantou o consolo das amigas. Ela estava obcecada por si mesma, o que fez com que trocasse tapas e sopapos com sua mãe e humilhasse seu pai.
Tudo o que ela ufanava era ficar "turbinada", afinal de contas, já havia se internado meses em uma academia, atingindo o famigerado mérito de perder dez quilogramas em um mês.
Como prêmio desejava ainda que cem mililitros de silicone adentrassem aos seus quatorze anos de vida, o que lhe foi negado, abrindo uma ferida que jorrava ódio, rancor e vingança.
Saiu de madrugada pelas ruas daquela grande cidade e o seu puro desejo entrou em sintonia perfeita com a nova parceria que estava prestes a fazer, a jovem trombou com uma prostituta e um travesti que lhe prestaram toda a solidariedade, ao verem o conturbado estado da garota.
O encontro dessas duas realidades culminou em um infalível plano entre as partes, a garota havia até mudado sua faceta de desespero para um riso e satisfação diabólicos.
Na noite seguinte, estavam as três em uma esquina, com característicos modos provocantes. Logo, chegou um automóvel que a classe média não pode adquirir facilmente, era a "vítima". A garota entrou sem se comedir com os modos libidinosos que o velho lhe tocava.
A prostituta e o travesti, portando uma arma de fogo, assaltaram o velho. Era uma mala que somava muito dinheiro, que foi dividido.
A garota esbanjava felicidade, esfregando o dinheiro pelo corpo, pois agora ela poderia agir clandestinamente e realizar a cirurgia que tanto queria.
Hoje, a garota numa cama de hospital, policiada todos os dias por seus pais, recebe em cada dor e inchaço do silicone industrial que passeia pelo seu corpo por meio de sua corrente sanguinea, seu prêmio por sua obsessão por si mesma.
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