Cinzas na terça

Cinzas são na quarta, mas resolvi não contrariar meu desejo contínuo de antecipar coisas e eventos na minha vida, e fiz cinzas na terça.
Queimei em minha cabeça todas aquelas lembranças pobres de fracasso. Aquelas coisas que quando voltam à cabeça minam como um projétil nuclear a auto-estima nos deixando para baixo por um dia sermos capazes de cometer tantos enganos e burrices!
Levantei cedo depois de uma noite intensa de bebedeiras e aventuras, e saí caminhando pela praia fitando duas cenas e tentando de uma maneira quase que cinematográfica concatenar tudo aquilo à minha vida.
A primeira delas foi uma mulher, notavelmente descendente de japoneses, que brincava feliz na areia com sua filha. Em um instante passou pela minha cabecinha insana, provavelmente ainda tomada pelo espírito social que o álcool havia me propiciado na noite anterior, de lhe perguntar uma coisa, que naquele momento, devido a razões diversas me tomou a cabeça:
É realmente necessário seguir todo o protocolo pra ser feliz: desbirocar>>parar de desbirocar>>namorar>>casar>>filhos?
Por sorte, japoneses tem a fama da introspecção... Desencarnou de mim o espírito social e continuei caminhando.
Em seguida, vi uma casa em construção de frente para a praia. E em conjunto, vi um sonho sendo construído, um desejo, enfim! Aí me remeti a minha vida e vi os sonhos que construí, percebi o lugar aonde eu estava e porque eu estava ali... foi também tudo um sonho e um desejo realizado! E de certa forma, a partir daquela casa em construção, comecei a iniciar um novo processo de queima.
E então consegui! As burrices e enganos viraram cinzas. Em pleno clima de Carnaval.

Os genes sobre a Tábula Rasa




O confronto da ciência genética com a sociedade sempre me apeteceu e muito.


Entretanto, não naturalmente vou me pender à defesa gratuita da genética em relação às influências sociais no que concerne os comportamentos humanos. Prefiro identificar o equilíbrio ou não que há entre ambos os aspectos.


Para elucidar melhormente a minha esplanação devo me remeter a Teoria da Tábula Rasa qye aposta piamente na concepção do ser humano como uma folha branca, preenchida de conceitos morais e éticos ao longo da vida através da educação recebida pelos pais, avós, tios, irmãos, relações amorosas e etecéteras.


Em contrapartida é recorrente as investigações genéticas que procuram combinar sequências de adenina, timina, citosina e guanina da assassinos em série, psicopatas, homossexuais, ninfos, compulsivos e afins que fogem às regras da normalidade (ou "normalidade") biológica. Tudo isso para justificar que tais comportamentos são inerentes a qualquer educação ideal, até mesmo aquela que a SuperNanny ensina na TV.


A influência social se baseia no determinismo micro de "um pai cafageste, filho cafageste" até o macro de "país subdesenvolvido, população socialmente atrasada", o que é reforçado pela babaquice de não poder se afirmar que as sequências de bases púricas e pirimídicas européias são melhores que as latinas, uma vez que estes possuem aqueles em sua ascendência.


Daí, surge a minha proposta singela do projeto do equilíbrio, a genética dá a predisposição para o construtivo e o destrutivo, cabe a sociedade denotar a sua imensa responsabilidade de identificar as habilidades dos seres e propor regras e mecanismos para que estas sejam desenvolvidas em detrimento daquilo que pode definhar e causar dor. Aí sim, a costa larga não será nem da sociedade e nem da genética, mas do livre arbítrio do ser humano.


Controverso, não!?



Dependência




Poucos dias atrás ainda em férias, deitado assistindo o famigerado programa do Silvio Santos, minha mãe me fazia afagos, enquanto ríamos gostosamente do entretenimento dominical.



Hoje, afastado fisicamente dela vejo como ainda sou dependente, e "largado" na vida sou submetido a tantas outras dependências.


A quimica acalma tristezas proporcionando aquela alegria de prazo de validade bem curto, a emocional definha com nossas relações em uma relação de escravatura doentia, a econômica, se duradoura, acomete o subdesenvolvimento de seres humanos até mesmo paises e nações, a tecnológica limita a criatividade e diminui as relações interpessoais.


Seria eu atrevido a ponto de enumerar as complicações da dependência de Deus? Melhor não! Sairia do enfoque, pois meu deus não é o deus do leitor e assim em diante!


Mas, nesse ponto, se já nascemos dependentes a liberdade plena é uma utopia. Entretanto assumir-se dependente é feio, é sub! Ainda mais com a disseminação do comportamento psicológico ideal.


Acho queo cotidiano me lesou demais nesses ultimos tempos, ando levantando demais discussões babacas e pouco embasadas. Que o sono reverta esse quadro!
See ya!

Do bigode do Sarney




A foto não foi propriamente essa, mas pesquisando hoje sobre a vitória do dito cujo José Sarney no Senado brasileiro, me deparei com um ser humano muito interessante.


O ar rústico que o bigodinho questionavelmente bem aparado do ex-presidente, que governou quando me fiz brasileiro na Terra, esconde uma vida bem agitada, como a vida de quase todas as pessoas que conquistam um poder especial na sociedade.


Guvenando o acontecido, cheguei em um denominador gostoso de como cada ser humano pode se valer fantasmagoricamente do seu fantástico e ir transbordando pra tantas outras áreas de atuação sucesso e prestígio por toda a construção que fez no passado.


Mas não é apenas Sarney que também foi membro da Academia Brasileira de Letras e mantém coluna no jornal Folha de São Paulo, muito bem escrita por sinal, conseguiu essa façanha, vários outros célebres e não célebres também.


E é justamente aí é que beira uma discussão. A construção social supervaloriza o poder, seja ele qual for, da hiper moral de um deus até a de um sequestrador cruel. São desses ícones é que se tem extraído inspiração para fazer moda e tocar a vida.


Os homo sapiens sapiens deveriam se ater mais aos semelhantes fantásticos como Sarney isentos da celebridade, desmitificados enfim. Esses sim são mais autênticos e responsáveis em suas atitudes, influindo de uma maneira menos nociva. Impondo modismos mais brandos e menos intactos, dignos de uma transformação mais dinâmica.


Vish, quanta viagem dos bigodes do Sarney...