Era com muita estranheza que o Senhor Controle se via naquela situação adversa. Ele estava em uma relação incomum.
Relações incomuns são comuns na modernidade e incomuns no conceito essencial pregado pela sociedade e o mercado como necessário para o ufanismo da felicidade. Elas se caracterizam pela indefinição e não enquadramento nos patamares básicos no que concernem relações interpessoais afetivas. São longas e demasiadamente intensas de sentimentos para serem caracterizadas como uma simples ‘ficada’, não tem arraigados os pressupostos da monogamia exigida para se transformar em um namoro e, pela mesma lógica, tão pouco podem ser consideradas um noivado ou um casamento. São de fato incomuns.
E ‘incomunidade’ é como uma cueca apertada incomodando as partes baixas e impedindo que o bumbum do Senhor Controle, que com a Senhora Liberdade conjugava uma relação incomum, respirasse. Liberdade que outrora já havia vivido um relacionamento enquadrado caiu nas garras da modernidade das relações incomuns.
Essa mesma modernidade, que vem tecnologicamente todos os dias para tornar a vida dos seres humanos mais confortável, vigora também na administração que se faz na necessidade do amor e da atenção externa. Isso fez nascer a relação incomum, em que os prejuízos iminentes da definição da relação não são admitidos podendo ser causas de um fracasso doloroso. Daí, é necessária a remoldagem de nós mesmos para manter este tipo de relacionamento, em que esconder o que realmente se sente é quase que uma questão vital para continuar a render.
Entretanto, o fator tempo, determinante para se aferir paciência, é que vai fazer com que Controle da Silva faça um streap-tease para Liberdade Souza para que se possa se ver livre de sua apertada roupa de baixo revelando sensualmente e com verdade todas suas reais e consistentes pretensões, tendo inevitavelmente a conseqüência da surpresa: boa ou ruim.