Da retórica lulista

Beiro aos 21. E com todas as implicações do tempo que me rodeiam e assustam, posso dizer claramente que nunca na história da minha vida me senti tão controverso.

Acho que é a hora certa de fazer gritar aos poros conceitos, critérios e atitudes adultas, mas ao mesmo passo, me deleito ainda em bobageiras infantis que não desencarnaram com o tempo.
Olhar ao redor e ver que a sistemática não é só comigo não me satisfaz.
Há algum tempo, deixei de me cobrar em algumas coisas, mas nunca deixei de me penalizar quando me sinto subdesenvolvido pessoalmente, quando mais ainda amparado por balzaquianos e sexagenários que dizem que o tempo suavizará tudo. Ave!
Entretanto, não por Chronos que me deu vinte anos de vida e nem por Dionísio que semanalmente me propicia esbórnias universitárias, mas por algo mais espirituoso, sinto ao redor de mim a sensação de que todo esse emaranhado está no fim.
No mais, que a mudança venha, mesmo que ela seja uma mudança lulista daquelas que nos enchem de esperança no começo, e paulatinamente nos enche de decepções como é o jogo da própria vida.

Água fria


Calor é energia, aquece, movimenta, agita e ilude.

Valendo-me da semântica posso revelar a entrelinha que há no parágrafo acima com o desencadeamento total provocado pelo verbo iludir.

Sim, o verão ilude, sobretudo aos pobres vulneráveis a qualquer investida fraca da vida.

A beleza se sobressai em regatas, shorts, sungas e biquinis.

O contato de suores através do atrito de corpos, de misturas de salivas e outros fluidos corporais, que em contextos invernais, em discussões alcoólicas de bares se classificam nojentas, é amplamente difundido no verão e o desejo por essa conexão nos adentra osmoticamente.

Caí nessa rede pobre e trivial dos seres, mas fiquei na fase da expectativa, antes de partir em um ataque invasivo...

Ahhh!

Hoje finalmente veio a água fria!

Triste é saber que o frescor é adepto da efemeridade!